sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre...

Sabe que lendo os livros de Êxodo, Levítico, principalmente Números, percebi que estamos distantes de compreender sobre Deus e a maneira de como Ele age. Quando vejo que Moisés a todo tempo fez o papel de intercessor por aquele povo, que lamentava, pecava, adorava outros ídolos, em momentos em que Deus estava prestes a destruir o povo, Moisés ia lá, clamava, pedia pelo povo, dava sua palavra de que o pecado não aconteceria novamente e eles ainda pecavam.
Vemos tanto sobre o evangelho da graça, do Deus misericordioso, que perdoa constantemente nossos pecados diários e "pequenos", esporádicos e "maiores", que esquecemos que a própria Palavra diz que Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Penso que brincamos muito com a graça de Deus, com Sua misericórdia, brincamos muito com o sangue que Jesus derramou na cruz quando não nos esforçamos para sermos melhores e abandonar práticas e "pecadinhos".
O Deus naquela época agia com severidade com o pecado, demonstrava sua ira mandando pragas, dizimando povos inteiros a uma só ordem. Ele não suportava ver o povo que Ele mesmo criou adorando outros deuses ou Lhe desobedecendo. Tudo foi feito e criado com a mais perfeita ordem por Ele e era pra ser mesmo tudo as mil maravilhas para o homem, mas preferimos deixar nosso Pai irado. Fico pensando, se hoje Ele é o mesmo de ontem, que diferença há na maneira que Ele pensa a respeito de nossa vida, de nossos pecados? A graça mudou o critério de Deus? Ele deixou de ser imutável há 2010 anos atrás por causa da graça? Acredito que nem preciso responder que não, né. A graça veio pra que alcancemos a misericórdia d'Ele simplesmente através do sangue de Jesus, nós não precisaremos mais de um Moisés, que foi tão importante para aquele povo na época, povo que ainda assim insistia em desobedecer. Mas o critério que Ele estabeleceu para a desobediência ainda é o mesmo daquele tempo. Ele amou o povo de Israel de uma forma que não podemos compreender, é um amor que constrange, um amor que protege e que quando é correspondido com ingratidão por nossa parte, fez com nosso Pai sentisse essa dor e reagisse da forma como Ele reagiu.
Só que hoje compreendo que a dor que Ele sentia pelos pecados de Israel é a mesma que Ele sente hoje ao ver tanta violência, tanta rejeição ao seu amor, ao ver cada vez mais pecados se transformando em iniquidade, ao ver tanto desequilíbrio da natureza e das coisas que foram criadas na mais perfeita ordem. Sua maneira de reagir já foi diferente, Sua ira não se manifesta mais como se manifestava aquele tempo, porque um sangue precioso já foi derramado para que pudéssemos ter acesso a Ele. Tudo que compreendemos sobre a justiça que desejamos que Deus faça a pessoas que cometem erros ou que vão contra as leis de Deus é a mera consequência das próprias escolhas que cada um hoje faz. Quando Jesus veio, ele encerrou a época do Deus irado e implacável, para que a partir daí fosse conhecido o Deus de amor e misericórdia. Porém o amor e a misericórdia estavam presentes no Deus irado e implacável, assim como a ira, a corretitude e a justiça também estão presentes no Deus de misericórdia e amor...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pensamentos...

Atualmente me encontro naquele impasse que acredito que toda mulher alguma vez na vida já passou. Fico a repensar meu papel como mulher nessa terra e tento encontrar prioridades a serem seguidas em desempenhar as funções de mãe, esposa, profissional, mulher de Deus, em ser eu mesma, com meu jeito e manias de sempre. Tento romper a todo momento, me aprofundar cada dia mais nos relacionamentos com filha e esposo, com Deus e comigo mesma. Porém estes momentos contrastam com profundas dúvidas e incertezas em relação a tudo que pretendo fazer na vida.
Descobri então que estes momentos contrastantes me mostram que ainda não consegui viver à altura das expectativas que criei ao meu próprio respeito. Sempre penso que deveria estar em um lugar melhor na carreira, na vida, na igreja, em qualquer lugar, menos onde estou agora. E pensar assim é um problema.
Quando penso assim, estou dizendo a mim mesma e ao meu Deus que sou melhor que Ele, que meus planos são melhores que os d’Ele, e a frustração que sinto às vezes só ressalta o orgulho que precisa ser quebrado urgentemente. Vivo em uma montanha russa de euforia e depressão. A euforia vem quando realizo algo pequeno, quando falo a alguém alguma coisa que edifica, quando fico à mercê da minha própria capacidade de falar ou de me calar, quando realizo algo que me deixa simplesmente satisfeita. Isto também é um problema, pois acredito que até hoje não consegui assumir minha condição do nada que sou diante de Deus, e consequentemente, não consegui adentrar uma realidade mais profunda de um relacionamento com Ele. Isso nada tem a ver com teologia, nada tem a ver com legalismo, ou com o que igreja propõe ou deixa de propor como relacionamento. Tem a ver com a minha falta de capacidade de aceitar minha impotência e desamparo. Concordo plenamente com Brennan Manning quando ele diz que “somente reconhecendo que sou miserável à porta da misericórdia de Deus, Ele poderá fazer algo belo por mim”.
Acredito que seja este o sentido do versículo “que Ele cresça, e eu diminua” (Jo 3:30). Nesse momento não falo a meu próprio respeito, mas creio que não é muito fácil pra um ser humano dotado de inteligência, com todas as suas capacidades trabalhadas ao longo da vida, que foi preparado para fazer aquilo que escolheu fazer da vida, pagou um preço, se esforçou, possui diplomas estampados em suas paredes, mente moldada ao longo da vida de conhecimento, raciocínio científico e metodológico, simplesmente se anular, se entregar a uma graça simples, a um Deus misericordioso, que para que seja visto e conhecido por nós, nos é necessário rebaixar, abrir mão de tanto conhecimento e nos colocar no nível do menor dos menores, do mais inocente em conhecimento. Esse Deus tão poderoso, que nos dota de tanta capacidade e inteligência, quer que tenhamos a mente de uma criança para nos relacionarmos com Ele.
E Deus não é um Deus paradoxal, Ele é único. Se ainda tenho tanta dúvida, se ainda vivo nesta montanha russa, preciso desesperadamente compreender Sua graça. Ainda não a conheço como ela realmente é, e de tudo que penso que preciso na vida, o essencial é conhecê-la, encontrá-la e vivê-la...